BUSINESS E NEGÓCIOS 

“Redutores de energia” ainda enganam consumidores no Brasil

Especialistas alertam para os perigos e inutilidade destes produtos e apontam soluções ideais e com eficiência comprovada

Não é de hoje que pipocam no mercado os chamados “economizadores” ou “redutores” de energia prometendo economias milagrosas na conta de luz de mais de 50%. São dispositivos que podem vir no formato de pequenos aparelhos que são ligados na tomada ou em forma de “cartão ionizado” que, no simples contato com o disjuntor, reduz seu consumo automaticamente.

Seria a solução ideal para os problemas de milhares de consumidores brasileiros que sofrem com as altas tarifas de energia elétrica, se esses dispositivos realmente apresentassem o “milagre da economia” que prometem em suas propagandas enganosas.

E não pense que o golpe acontece apenas em nível nacional. Em 2015, a DECO Proteste, Associação de Defesa do Consumidor de Portugal, publicou ampla matéria denunciando essas fraudes. O texto mencionava, inclusive, que na Itália, a Energy Saver Pro foi condenada a pagar multa de 30 mil euros por publicidade enganosa e práticas comerciais desleais.

A DECO Proteste, que já vinha testando esses produtos desde 2012 e avisando em sua revista sobre a inutilidade deles, sem que nenhuma providência fosse tomada, denunciou a fraude formalmente à Direção-Geral do Consumidor, exigindo à Autoridade de Segurança Alimentar e Econômica a retirada dos produtos do mercado por não serem seguros e por garantirem resultados enganosos.

“As designações mudam ligeiramente, mas os equipamentos são cópias uns dos outros.

são compostos por um condensador e um circuito elétrico básico. Uma caixa de plástico que apenas serve para desperdiçar o seu dinheiro”, diz Rui Marques, um dos técnicos da DECO Proteste, que participou dos testes realizados nos “redutores de energia”.

“Mais graves são as falhas de segurança elétrica. Se tocar nos terminais dos equipamentos, pode ser vítima de uma descarga elétrica considerável, de 90 a 190 volts. Todos são compostos por condensadores e estes possuem uma carga que resulta da energia que acumulam (carga parasita). Segundo as normas de segurança elétrica, a carga nos terminais de um aparelho não pode exceder os 34 volts após 1 segundo, mas medimos valores que chegam aos 190 volts”, alerta o técnico português.

Golpes também no Brasil

No ano passado, a Proteste no Brasil também alertou para a invasão dessas fraudes no mercado brasileiro. Testaram quatro modelos para verificar se esses dispositivos podem mesmo ajudar o consumidor a reduzir o valor da conta de luz (atualmente existem 5 modelos no país, mas um deles não foi possível testar, por não possuir 3 pinos, ou seja, não segue o padrão brasileiro de tomadas e plugues elétricos). Resultados dos testes: não houve redução, tampouco próxima do valor prometido pelos fabricantes.

A ousadia dos fabricantes destes produtos é tão grande, que chegam a inserir merchandising em programas e matérias pagas em noticiários na TV, atestando uma funcionalidade inexistente, com a declaração de supostos especialistas garantindo a eficácia dos mesmos. Um dos anunciantes simulou uma matéria numa página falsa do G1 (site de notícias do Grupo Globo), onde o equipamento era indicado como uma solução “simples e barata” que ajudaria os consumidores “a economizarem até 50% em suas contas”.

O engenheiro eletricista Giuseppe Alessandro Signoriello, Gerente Estratégico de Serviços de Energia ENGIE Brasil, explica que não existe no mercado, nem no Brasil e nem no mundo, qualquer aparelho milagroso que proporcione economia de 50 ou 40% no consumo de energia. O consumidor pequeno, geralmente atendido em baixa tensão, só consegue reduzir gasto com conta de luz através do uso consciente e medidas simples, como troca de lâmpadas comuns pelas de LED e optando por eletrodomésticos que tenham o Selo Procel. Este selo indica quais produtos apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria, resultando em economia real na conta de energia elétrica.

A melhor solução para reduzir gastos

Já para os médios e grandes consumidores de energia, além das soluções já citadas, também são indicadas ferramentas de monitoramento e gerenciamento de energia elétrica. No Brasil, uma das mais usadas e que tem atraídos milhares de usuários, entre empresas, indústrias, condomínios, hospitais, entre outros, é o Follow Energy, comercializado pela empresa francesa ENGIE no Brasil. O sistema de gerenciamento on-line de energia e utilidades tem auxiliado seus clientes reduzindo seus consumos e gastos.

“O Follow Energy é um sistema completo de monitoramento on-line e gestão. São vários os benefícios oferecidos pela ferramenta, como por exemplo: registrar a curva de carga para verificar se há desperdícios, emitir alertas de consumo indevido de energia, permitir a automação de cargas, além de possibilitar o gerenciamento e o controle remoto”, explica o especialista.

Ainda segundo Giuseppe, com uma ferramenta de gerenciamento como o Follow Energy também é possível  que seja emitida uma conta de energia simulada, que poderá ser comparada com a conta recebida da distribuidora. Desta forma, o cliente terá a possibilidade de verificar se há algum erro ou desvio.

O engenheiro da ENGIE deixa o seguinte alerta:

“Fique atento para não cair nesses golpes. Não existe milagre para reduzir a conta. A melhor forma para economizar energia é não desperdiçá-la. Isso é possível também com auxílio de ferramentas para monitoramento e controle do consumo, oferecidas por empresas especializadas e reconhecidas pelo mercado”.

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